Homologia

Pelo menos desde os tempos de Aristóteles, pessoas que estudam organismos vivos notam certas semelhanças entre seres muito diferentes. Borboletas e morcegos são bastante diferentes um dos outros, contudo ambos têm asas para voar; Morcegos voam e baleias nadam, são bem diferentes, porém os ossos na asa de um morcego e nadadeira de uma baleia são notavelmente semelhantes. O primeiro tipo de semelhança citada, ou seja, a que envolve estruturas diferentes que executam a mesma função, foi denominada, em 1943, pelo anatomista , de "analogia", e o segundo tipo de semelhança, que envolve estruturas semelhantes que executam funções diferentes, foi chamada, por Owen, de "homologia".

Owen, e outros biólogos pré-darwinianos, atribuíram a homologia à existência de um criador em comum, havendo um desígnio sobrenatural.

Anatomia Comparada

Em 1859, Charles Darwin propôs uma explicação naturalista para a homologia, afirmando que muitos organismos vivos possuem certas semelhanças porque as herdaram de um antepassado em comum, de modo geral, quanto maior a semelhança na estrutura corporal, tanto mais próximo está o ancestral comum; quanto menor a semelhança, tanto mais remota é a relação de descendência.

A semelhança entre estruturas ou organismos homólogos são usadas como "evidências" de que determinadas criaturas evoluíram de um ancestral comum, porém, esta é uma grande falácia da teoria da evolução, é argumentar em círculos, pois usa-se a homologia como evidência da evolução, mas a própria homologia só pode existir se realmente existe evolução, pois, semelhanças não indicam necessariamente a existência de um ancestral em comum. Quando observamos que duas pessoas são muito parecidas podemos "desconfiar" que elas têm um ancestral próximo em comum (pai ou avô, por exemplo), mas para afirmar que estas pessoas são realmente parentes próximos é necessário comprovar através de alguma forma, pois muitas pessoas são parecidas sem que haja vínculos de parentesco próximo, como por exemplo, atores e seus dublês. Por isto, para se sugerir que organismos ou estruturas semelhantes possuem um ancestral em comum, é necessário que o registro fóssil aponte para este antepassado, no caso da asa do morcego e a nadadeira da baleia, seria necessário localizar fósseis que indicassem divergência gradual a partir de um suposto antepassado em comum, porém, mesmo assim, poderia ser apenas uma suposição e não uma prova, pois, simplesmente reunir fósseis de organismos com estruturas semelhantes, mesmo aparentando uma suposta evolução gradual (como é feito no caso do cavalo), é insuficiente para excluir a hipótese de existência de um criador ou desígnio comum. O problema foi ilustrado, sem querer, pelo biólogo Tim Berra, em 1990, em seus livro "Evolution And the myth of creationism" (Stanford University Press). Segundo Berra, "Se você olha um Corvette 1953 e o compara com o mais recente modelo, só as semelhanças mais gerais são evidentes, mas se compara um modelo de 1953 e um 1954, lado a lado, e um 1954 com um 1955, e assim por diante, a herança com modificação é preponderantemente óbvia. Isto é o que paleontólogos fazem com fósseis, e a evidência é tão sólida e inclusiva que não pode ser negada por pessoas razoáveis..."(pág. 117, ênfase no original). Como o título de seu livro indica, o propósito primário de Berra é mostrar que os organismos vivos são resultantes de evolução natural e não desígnio sobrenatural. Porém, semelhanças estruturais entre automóveis, até mesmo semelhanças entre modelos mais velhos e mais novos (que Berra chama de "herança com modificação"), são devidas à construção de acordo com padrões preexistentes ou projeto, as modificações se deram, no caso do automóvel, em virtude do desenvolvimento de projetos feitos por engenheiros automobilísticos (ou designers). Então, ironicamente, o exemplo de analogia de Berra não apenas são insuficientes para excluir explicações baseadas em um desígnio (criacionismo), como também é um ótimo exemplo de estruturas que aparentam evolução mas que são resultantes da execução de projetos de criadores inteligentes.

"Quando o Professor Simpson diz que homologia é evidência de ascendência, ele está usando o argumento circular tão característico do razoamento evolutivo. Quando ele acrescenta que esses desenvolvimentos podem ser descritos sem evidência paleontológica, ele está tentando reavivar a especulação fácil e irresponsável que por tantos anos, debaixo da influência da mitologia darwiniana, impediu o avanço da biologia".

(Evolution and Taxonomy, Studia Entomologica, vol 5, outubro de 1962, pág. 567).

Homologia e Genética

Na década de 1930 a evolução passou a ser explicada como uma mudança na freqüência de genes, e várias décadas depois a descoberta da estrutura e função das moléculas de DNA estenderam esta explicação para o nível molecular.

De acordo com a teoria evolutiva neo-darwiniana, um programa genético codificado em DNA dirige o desenvolvimento embrionário; o processo de reprodução transmite este programa à gerações subseqüentes, mas mutações no DNA às vezes modificam isto (herança com modificação), assim os descendentes do organismo original podem possuir estruturas que são semelhantes mas não idênticas (homólogas). Nenhum desígnio é requerido, sendo a explicação completamente naturalista. Isto levou o biólogo molecular Jacques Monod a sentir-se confiante para anunciar que "o mecanismo do Darwinismo é finalmente fundamentado com firmeza" e que como uma conseqüência "o homem tem que entender que ele é um mero acidente" (citado em Judson, Horace Freeland (1980). The Eighth Day of Creation. New York: Simon & Schuster, pág. 217).

No entanto, os esforços para correlatar a evolução com mudanças genéticas não tiveram muito êxito.

Detalhados estudos a nível molecular falharam em demonstrar a correspondência esperada entre mudanças genéticas e os tipos de mudanças em que organismos que constituem o "material de evolução" (Lewontin, 1974, pág. 160). De acordo com Rudolf Raff e Thomas Kaufmam, evolução através de mutações de DNA "é largamente desacoplada da evolução morfológica", o "mais espetacular" exemplo disto é a dessemelhança morfológica entre humanos e chimpanzés, apesar de uma semelhança de 99% em seus DNAs (Raff, Rudolf A. e Kaufman, Thomas C. (1983). Embryos, Genes, and Evolution. New York: Macmillan, pág. 67, 78).

Alguns biólogos sugerem que aquele 1% de genes diferentes entre humanos e chimpanzés consistem em "genes reguladores" que têm efeitos profundos no desenvolvimento e que algumas mutações nestes genes podem responder por diferenças drásticas. Por exemplo, mudanças em determinados genes, chamados homeóticos, podem transformar a antena de uma mosca em uma perna ou produzir dois pares de asas onde haveria normalmente um único par, além disto, genes bem semelhantes, a estes genes encontrados em moscas, foram achados na maioria dos outros tipos de animais, inclusive mamíferos. Baseado nos profundos efeitos desenvolventes e ocorrência quase universal de tais genes, o biólogo Eric Davidson, e seus colegas, recentemente escreveram que "formas morfológicas modernas em animais evoluem de mudanças resultantes em programas geneticamente codificados de ajuste desenvolvente" (Davidson, E. H., Peterson, K. J. and Cameron, R. A. (1995). "Origin of Bilaterian Body Plans: Evolution of Developmental Regulatory Mechanisms", Science 270:1319-1325).

De acordo com esta visão, características homólogas são programadas através de genes semelhantes. Assumindo que genes com sucessões semelhantes são improváveis de se originar de mutações fortuitas independentes, semelhança de sucessão indicaria ascendência comum. Poderia ser deduzido que características produzidas por sucessões genéticas semelhantes são filogeneticamente homólogos, porém, a universalidade de genes homeóticos geram um sério problema para esta visão. Embora ratos têm um gene bem parecido com aquele que é capaz de transformar a antena de uma mosca em uma perna (antenapedia), ratos não têm antenas e seu gene correspondente afeta a parte posterior do cérebro (nem antena, nem perna) e embora ratos e parte das moscas têm gene semelhante que afeta o desenvolvimento dos olhos, o olho de múltiplas faces da mosca é profundamente diferente de um olho de rato. Em ambos os casos (antenapedia e olhos), genes semelhantes afetam o desenvolvimento de estruturas que não são homólogas pela definição morfológica clássica ou pós-darwiniana. Se genes semelhantes podem "determinar" tais estruturas radicalmente diferentes, então estes genes parecem estar funcionando como interruptores binários que influem nas informações genéticas, das estruturas, que residem em outros pontos do código genético (conf. Jonathan Wells, 1996, "Unseating Naturalism: Recent Insights from Developmental Biology." Apresentou numa conferência sobre Mera Criação: Reclaiming the Book of Nature (Reformando o Livro da Natureza), Biola University, Los Angeles.).

Não apenas estruturas não homólogas são produzidas por organismos com genes supostamente homólogos, mas também organismos com genes diferentes podem produzir estruturas semelhantes. Experiências com moscas podem criar formas mutantes do gene do olho de forma que não são desenvolvidos olhos, mas se são criadas moscas cegas (sem olhos) por muitas gerações, alguns descendentes passam a nascer com olhos, embora estes descendentes ainda possuam o gene em sua forma mutante. Tais anomalias conduziram o embriólogo Gavin de Beer a concluir que "estruturas homólogas não precisam ser controladas por genes idênticos" e que "a heranças de estruturas homólogas de um antepassado comum... não pode designar a identidade do genes" (de Beer, Gavin (1971). Homology: An Unsolved Problem. London: Oxford University Press, pág. 15-16).

Homologia e Proteínas

Na década de 1950 surgiram métodos para determinar as seqüências de proteínas, tornou-se possível comparar a seqüência de proteínas análogas em organismos diferentes, assim foi possível comparar a hemoglobina humana com a hemoglobina de cavalos para se verificar se estas duas espécies têm a mesma seqüência de aminoácidos, pois segundo a teoria da evolução, em algum momento (estimado atualmente em 100 milhões de anos atrás), estas duas espécies tiveram um ancestral em comum. A resposta foi enigmática: as hemoglobinas eram muito parecidas, mas não idênticas. Seus aminoácidos eram os mesmos em 129 das 136 posições em uma cadeia de proteínas da hemoglobina, mas diferente nas restantes. Quando se descobriram as seqüências das hemoglobinas de macaco, galinha e rã, elas puderam ser comparadas com a hemoglobina humana e entre si. A hemoglobina de macacos apresenta 5 diferenças em relação as de seres humanos; as de galinhas (aves) mostram 26 diferenças e, as de rãs (anfíbios), 46. Diante destas semelhanças, muitos pesquisadores concluíram que seqüências semelhantes davam apoio substancial à tese da descendência de um ancestral comum. Evolucionistas, diante da falta de registros fósseis que verdadeiramente provassem a evolução, viram a biologia molecular como a salvadora virtual da biologia evolutiva, porém, esta confiança durou pouco tempo, pois, com o surgimento de novas descobertas, descobriu-se que não era possível estabelecer qualquer tipo de série evolutiva a partir de seqüências dos aminoácidos das proteínas. Alguns evolucionistas dizem que as proteínas podem informar muito a respeito da história evolutiva, mas, o problema está no fato de que cada proteína conta uma história diferente.

Descobriu-se que a hemoglobina da lampreia (um tipo de peixe) é muito parecida com a hemoglobina humana, e que a clorofila em plantas e a hemoglobina humana difere em maquilagem química apenas em uma molécula de magnésio, que é trocada por uma molécula férrea. Evidentemente, a teoria da evolução não sugere que temos ancestrais comuns próximos com árvores ou lampreias!

A proteína Citocromo C (uma enzima) é bem parecida entre humanos e chimpanzés (uma diferença de apenas um aminoácido), porém, usando esta proteína para concluir a existência do último ancestral comum entre duas espécies, fica-se em situação confusa, pois a tartaruga, que é réptil, é mais parecida com o ser humano (mamífero) e pássaros, que com serpentes, que também são répteis.

Humanos e porcos têm uma diferença de 18 entre 32 aminoácidos (insulina distinta) de Calcitonin (que abaixa níveis de cálcio no sangue), mas o homem difere em somente 15 aminoácidos quando comparado ao salmão, que é um peixe!

Além dos exemplos que aqui foram apresentados, há muitos outros. O Dr. James Farris, que desenvolveu alguns dos métodos mais usados para se determinar "distância molecular", conclui que o uso de dados de distâncias moleculares em análise filogenética é muito questionável:

"Parece que a única conclusão geral que alguém pode extrair é que nada sobre técnicas atuais para analisar dados de distâncias moleculares é satisfatório... Nenhuma das medidas conhecidas de distância genética parece capaz de provar um método logicamente defensável".

 Ainda se pode encontrar textos que mostram a análise de proteínas em harmonia com a teoria da evolução (como o caso citado da comparação da seqüência de aminoácidos da hemoglobina de humanos com a hemoglobina de cavalos, macacos, galinhas e rãs), porém isto se dá apenas devido à omissão de muitas outras comparações de proteínas de outros organismos, isto faz com que se crie uma falsa idéia de amparo para a homologia no campo da bioquímica, esta é a tendência dos evolucionistas para manter o dogma da teoria da evolução, ignorando a infinidade de dados que são incompatíveis. Mesmo que se crie uma teoria do tipo "ad hoc" para justificar as contradições e falta de possibilidade de estabelecer qualquer tipo de série evolutiva, esta teoria poderá apenas dar uma desculpa para a falta de vínculos entre as seqüências de aminoácidos das proteínas e a teoria evolutiva, mas nunca poderá utilizar-se eficazmente das análises bioquímicas como algo que ampare verdadeiramente a teoria da evolução.

 

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