Refutação à Teoria da Complexidade Irredutível

Um sistema irredutivelmente complexo é um sistema único composto de várias partes compatíveis, que interagem entre si e que contribuem para sua função básica, sendo que a remoção de uma das partes faria com que o sistema deixasse de funcionar de forma eficiente. Um sistema de tal complexidade "não pode ser produzido diretamente (isto é, pelo melhoramento contínuo da função inicial, que continua a atuar através do mesmo mecanismo) mediante modificações leves, sucessivas, de um sistema precursor".

O exemplo mais popular de complexidade irredutível é apresentado por Michael Behe (autor do livro "A caixa preta de Darwin") é a ratoeira. Ela tem uma função simples (pegar ratos) e possui várias partes (uma plataforma, uma trava, um martelo, uma mola e uma barra de retenção). Se qualquer uma dessas partes for removida, o aparelho não funciona. Portanto, é irredutivelmente complexo (um automóvel, em contrapartida, pode funcionar com os faróis queimados, sem as portas, sem pára-choques etc, embora chegará um momento em que haverá um mínimo de peças essenciais para seu funcionamento).

Sistemas irredutivelmente complexos constituem "sérios obstáculos à evolução darwiniana". O problema, para o darwinismo, é que ele requer que cada passo, na evolução de um sistema, seja funcional e adaptativo.

O mundo da bioquímica, segundo Behe, está cheio de exemplos de sistemas irredutivelmente complexos, como a visão, a coagulação do sangue, a célula e o transporte celular. Trata-se de máquinas químicas finamente delineadas, com precisão extrema e interdependentes. A teoria darwiniana, para o autor, é incapaz de explicar a base molecular da vida. Máquinas como a célula não podem ter se desenvolvido à maneira darwiniana. São uma verdadeira "caixa preta", cujo funcionamento interno é muito complexo e sofisticado, o que evidencia a assinatura de um designer inteligente.

Embora esta teoria tenha dado grande impacto entre os evolucionistas quando foi exposta por Behe (sendo que ele não o idealizador), estes já deram a questão como encerrada, aliviados pelo fato de alguns cientistas terem formulado contestações.

Allen Orr, por exemplo, afirma que um sistema "irredutivelmente complexo" pode, sim, ser construído gradualmente pela adição de partes que, de início, são meramente auxiliares, mas que, devido a mudanças posteriores, tornam-se essenciais. A lógica, diz ele, é bastante simples. Uma parte A serve (ainda que não muito bem) a alguma função. Uma outra parte, B, é adicionada para auxiliar ou melhorar a primeira. Mais tarde, A pode mudar de modo tal que B se torne indispensável, um processo que continua até formar-se um sistema completo, para o qual muitas outras partes podem ser requeridas. Não há garantia de que esses acréscimos ou melhoramentos - eis o ponto - permaneçam sendo meros acréscimos: podem tornar-se essenciais. Basta pensar na programação de computadores. Linhas de código são adicionadas sucessivamente a um programa, até que ele funcione de modo satisfatório, de modo que pode tornar-se difícil ou impossível reconstruir, passo a passo, o caminho ou origem - até mesmo pelo programador. O sistema construído pode, assim, tornar-se irredutivelmente complexo. Mas essa "complexidade irredutível" não invalida a evolução gradual, e o mesmo ocorre com os processos bioquímicos (Orr, Darwin vs. Intelligent design (Again), Boston review, dez/96-jan/97). Em outras palavras, segundo Orr, embora não possamos reconstruir o caminho de muitos sistemas, processos e coisas, isto não significa que tenham surgido prontos, perfeitos, designados desde o início por um ser consciente para cumprir uma finalidade - seja um Deus, seja um ET.

Embora a explicação de Allen Orr pareça inicialmente revestida de lógica, quando passamos a imaginar em quais circunstâncias reais a construção gradual poderia ocorrer, voltamos a nos deparar novamente com o problema da irredutibilidade da complexidade, pois, mesmo no simples exemplo da ratoeira de Behe, fica difícil imaginar uma situação em que suas partes (uma plataforma, uma trava, um martelo, uma mola e uma barra de retenção) são criadas separadamente para outras funções (mesmo que não funcionem muito bem) e posteriormente se unem para formar uma estrutura funcional em que as partes se unem harmoniosamente. Sem dúvidas, esta dificuldade aumenta significativamente quando tentamos imaginar, por exemplo, as partes de um olho ou de um flagelo bacteriano surgindo gradativa e separadamente com outras funções funções para depois se unirem para formar um novo mecanismo com uma função bem definida. No organismo de uma bactéria com flagelo, por exemplo, para que serviriam, no organismo, o embuchamento (constituído de Anel L e Anel P), bastão (eixo motor), rotor (Anel S e Anel M) e filamento (hélice) antes da evolução gradual juntar estas partes para formar o flagelo?! Não há explicação, e mesmo que houvesse, parece que a possibilidade da ocorrência de eventos naturais para desenvolver separada e gradativamente as partes de um mecanismo complexo para depois casualmente formar o mecanismo é extremamente improvável, de tal forma que acreditar que tais eventos ocorram de forma casual só pode ser aceito quando se adota o posicionamento filosófico que exclui a alternativa que aponta para a possibilidade de existência de um criador. Observe também que o exemplo referente a programação de computadores também é questionável, há apenas meia verdade neste exemplo,pois apesar de realmente um programa poder "evoluir gradativamente" e seu programador até mesmo não poder reconstruir, passo a passo, o caminho de volta a forma original do programa, até mesmo quando linhas de código são adicionadas sucessivamente a um programa, o programa só passa a realmente existir como programa, ou seja, tendo uma função ou utilidade, quando há um número suficiente de comandos. Até um certo ponto, colocando-se sucessivamente linhas de comandos, o programa simplesmente não funciona por não ter complexidade suficiente e de nada servirem suas partes (linhas de comando), mesmo as sub-rotinas dos programas possuem uma complexidade mínima exigida para ser útil a alguma coisa. Complexidade Irredutível!!